20 de abril de 2024
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Oitava edição do FACE Bauru apresenta transversalidade e pluralidade artística

Há oito anos, o público admirador de teatro de Bauru tem a oportunidade de assistir a trabalhos contemporâneos e questionadores através do FACE – Festival de Artes Cênicas de Bauru. 

 Realizado a partir da iniciativa do Grupo Protótipo Tópico em parceria com a Prefeitura Municipal, o FACE é uma mostra cênica não competitiva de espetáculos nacionais e internacionais que busca trabalhos com transversalidade artística e pluralidade de linguagens cênicas. Além da difusão teatral, o evento promove oficinas, workshops e debates, com foco nas pesquisas cênicas contemporâneas.

Desde a primeira edição, 79 grupos de diferentes estados e países se apresentaram no festival. Na edição deste ano, serão realizadas 27 ações, entre elas apresentações de diferentes linguagens artísticas como o teatro, a dança, a performance, o circo e a música, além das atividades formativas, como oficinas e bate-papos.

A transversalidade artística está presente em todos os trabalhos, em que o público pode acompanhar as experiências que resultam do diálogo entre diferentes artes, como a literatura e o teatro, a ficção e o documental, o regionalismo e o contemporâneo, apresentando a pluralidade do fazer teatral.  

De acordo com Fábio Valério, diretor artístico do FACE Bauru, neste ano, o festival buscou, nos trabalhos selecionados e convidados, aspectos que tangem a dramaturgia contemporânea, que propõe um modo híbrido de criação através das proposições ficcionais e documentais. A pergunta é: como se configura a dramaturgia contemporânea e como ela se relaciona com as perspectivas transversais  e as múltiplas linguagens?

Para responder a essas inquietações, companhias vindas dos estados de São Paulo, Santa Catarina e Paraná virão à Bauru. 

Entre os destaques da programação está o espetáculo Kintsugi, 100 memórias, novo trabalho do conceituado grupo Lume Teatro, da cidade de Campinas. Partindo dos limites da teatralidade e do modo fragmentário, o espetáculo tenta aproximar-se de uma ideia de memória não linear, nem bucólica, mas de uma memória que apresenta o gesto da vontade no ato de lembrar.

Outro destaque é o trabalho da Companhia Estável de Dança de Bauru, que abre o festival neste sábado, dia 14, trazendo aos palcos o regionalismo poético do trabalho Morte e Vida Severina, inspirado na obra de João Cabral de Melo Neto, que se transporta do caráter literário atemporal e dialoga sobre a seca e a fome de maneira atual por meio do balé contemporâneo.

 Além dos  espetáculos nacionais, este ano o festival recebe uma atração internacional. Concebido na Inglaterra, o trabalho Fios Vivos, da atriz Yael Karavan, é uma performance que busca formas de combater a tendência política mundial de divisão, separação, em busca de novos modos de conectar pessoas fisicamente, criando conexões entre as realidades paralelas da arte e da vida: o trabalho da arte e o público, a artista e o público e, eventualmente, cria conexões entre as pessoas presentes. 

Para a diretora geral do festival, Andressa Francelino, os objetivos principais do FACE são fomentar a arte e a cultura de qualidade, democratizar o acesso aos bens culturais contemporâneos, proporcionar a formação de público e artistas regionais e estimular a descentralização da circulação artístico-cultural dentro do estado, contribuindo para a construção de um novo pólo artístico de referência nacional aqui em Bauru.

Essa oitava edição, contudo, enfrenta um cenário menos favorecedor se comparado às últimas edições que contaram com grandes patrocinadores. Em 2019, com uma verba reduzida, o evento resiste e, apesar das dificuldades, apresentará quase 30 atrações entre espetáculos e oficinas com atores de diversos pontos do país, além de uma atração internacional.

E, para compartilhar as experiências vividas durante o FACE, a Bodega do Espaço Protótipo estará aberta durante várias noites de festival, buscando ser um espaço de convivência e troca entre público e atores. A Bodega contará com uma programação que inclui shows, discotecagens e bate-papos temáticos. 

O surgimento do festival

Quando as inquietações de um grupo extravasam suas pesquisas e se tornam acessíveis para toda a cidade. Assim nasce o FACE Bauru frente a defasagem cultural que a cidade  sofria, e tem conquistado a cada ano mais espaço neste território, atraindo um público crescente e demonstrando que este projeto vai além de uma demanda restrita. De 2012 à 2015, contou com a realização do grupo Protótipo Tópico e  patrocínio da Secretaria Municipal de Cultura. Diversos parceiros e apoiadores foram somados a este projeto ao longo dos oito anos. 

O FACE é vanguardista por ser o primeiro festival profissional de Artes Cênicas da Região Centro-Oeste paulista que contempla a pluralidade de expressões cênicas. Seu surgimento foi uma resposta expressiva às inquietações e anseios de artistas bauruenses quanto ao fomento e o fortalecimento do cenário das Artes Cênicas. Questionava-se principalmente a falta de espaços, tanto na cidade quanto na região, dedicados ao compartilhamento e à difusão de linguagens cênicas contemporâneas com pesquisas mais aprofundadas que pudessem alargar o panorama artístico deste celeiro criativo. A criação de um festival de nível profissional que pudesse abranger formação e difusão foi a ação inevitável frente ao contexto visualizado. 

Confira a programação gratuita do Face Bauru:

DIA 14 

MORTE E VIDA SEVERINA
Com Cia Estável de Dança – BauruSP
20h30
Teatro Municipal
Classificação livre
A coreografia é inspirada no Poema “Morte e Vida Severina” de João Cabral de Melo Neto, publicado em 1955, a obra relata de forma a dura trajetória e o sofrimento enfrentado pelos retirantes nordestinos representado pelo personagem Severino. o trabalho coreográfico faz uma releitura, colocando-nos como Severinos, na vida, utilizando os corpos como elemento para a narrativa desta história, que hoje se mostra muito atual pelo momento que estamos passando. 

DIA 15
OFICINA “O CORPO FALA”
Com Yael Karavan – Reino Unido
14h30 às 17h30
Escola Sirius de Teatro
A beleza do performer está em seu prazer em performar. Criando com base nos elementos da dança, teatro físico e visual, Butoh e mímica, Karavan explora algumas das principais questões para o performer e oferece uma variedade de ferramentas e possibilidades para o estudo da 'presença' no processo criativo: metamorfoses, ritmo, intenção, imagens e contraponto, através de uma relação criativa com o material, objetos e espaço. '

O LAGO DOS CISNES
Faces Ocultas Cia de dança – SaltoSP
19h
Teatro Municipal
Classificação 14 anos
Releitura e atualização. Viagem ao subconsciente de cada um. Um regresso que precisamos passar para entender melhor algumas coisas que só encontramos e entendemos o significado depois que perdemos.

FIOS VIVOS
Yael Karavan – Reino Unido
21h
Espaço Protótipo
Classificação livre
Karavan criou essa performance dando uma ênfase especial a sua pesquisa artística atual, à procura de formas para combater a tendência política mundial de divisão, separação, em busca de novos modos de conectar pessoas fisicamente. “Fios vivos” é ritualístico, uma experiência semelhante a personagem mágica de Mary Poppins (como descrito por um crítico de arte), onde Karavan sai da tela de pintura, ganha vida, e começa a criar conexões entre as realidades paralelas da arte e da vida: o trabalho da arte e o público, a artista e o público e eventualmente cria conexões entre as pessoas presentes. 

DIA 16 
OFICINA “DRAMATURGIA DA LEMBRANÇA”
Com Aguinaldo de Souza – Londrina | PR
9h ás 12h
Espaço Protótipo
A dramaturgia da lembrança refere-se ao estudo de elementos da recordação e da lembrança pessoal como contribuição para a construção da dramaturgia do espetáculo. Com base em improvisações e construção da dramaturgia do espetáculo. Com base em improvisações e construção de partituras – sequência de movimentos – os atores comparam trechos da literatura dramática a experiências de sua própria vida.

OFICINA “ALONGAMENTO”
Com Sivaldo de Camargo
14h às 17h
Teatro Municipal
Oficina de alongamento e improvisação é um resultado de décadas de pesquisa sobre as possibilidades dos bailarinos e atores começarem a ter consciência de seu próprio corpo e a ampliarem seus limites e possibilidades. a Oficina tem o público alvo atores e bailarinos acima de 12 anos.

NA GAVETA DEBAIXO
Ana Karina Barbieri – LondrinaPR
20h
Espaço Protótipo
Classificação 14 anos
O espetáculo “Na Gaveta de Baixo” é uma criação autobiográfica da atriz Ana Karina Barbieri, sob olhar de Aguinaldo de Souza. O solo faz referência à dançarina moderna Martha Graham e à escritora Clarice Lispector como figuras femininas cujo corpo-voz ecoa no corpo- atriz que Ana representa.

DIA 17
OFICINA “DRAMATURGIA DO SILÊNCIO”
Com  Caique Teruel e Elder Scanferla
10h às 13h
Espaço Protótipo
A oficina aborda da dramaturgia no silencio com construção pautada em exercícios que abstenham a fala. Essa abordagem tem como objetivo emergir do conforto, do prático, do simples, do cotidiano, do obvio, permitindo uma comunicação a partir de partituras corporais.

SENHORA D – O CONTROVERTIDO (IN) EXISTENTE
Com Companhia Obscenos – AraçatubaSP
20h
Teatro Municipal
Classificação 12 anos
Entre o nada e o escuro lá está ela com questionamentos inquietos jorrando volúpia e ilusão. A busca dos porquês da vida a corroem por dentro a cada segundo fazendo-a voluntariamente se autodestruir. Nesta busca de respostas sobre a vida Hillé se encontra perdida, presa por sua mente inquieta, afastada de tudo e todos, até de seu próprio marido, Ehud que é abandonado até a morte por ela. Hillé é uma mulher em luta consigo mesmo, com Deus e com a vida, vivendo uma guerra interna em um mundo só seu, em sua casa, nas descobertas e paradigmas por ela vividos.

DIA 18
OFICINA “ESCUTA E EMPODERAMENTO FEMININO: PERSPECTIVA DO REAL EM CENA”
Com Pietra Garcia – ItajaíSC
9h às 12h
Espaço Protótipo
A oficina parte da experiência na montagem do espetáculo “Cartografia do Assédio”, que partiu de procedimentos documentais em sua criação, na busca de discutir o processo de ser mulher na sociedade atual. A proposta é de experienciar com os participantes a criação artística por meio do teatro documentário, colocando o real em cena e, investigando através dele as possibilidades de criação atorial e dramatúrgica. Dentro desta proposta será levado em conta questões relacionadas às discussões de gênero atuais, especialmente no que diz respeito à condição da mulher, seu corpo e suas vivências.

CARTOGRAFIA DO ASSÉDIO
Karma Cia de Teatro – Itajaí SC
16H: Início na Gare Estação Ferroviária – Espetáculo itinerante.
Classificação 14 anos
Cartografia do Assédio é uma performance que investiga a presença do corpo feminino no território urbano.Através de procedimentos documentais, baseados na coleta de depoimentos espontâneos de mulheres nas ruas, surge um mapeamento de violências cotidianas vividas por aquelas presenças femininas no espaço compartilhado da cidade.

BATE-PAPO “INQUIETAÇÕES POR EQUIDADE. SER MULHER ARTISTA.”
Com Mediação de Juliana Ramos, Participação de Andressa Francelino, Larissa Zuliani, Jô Moura, Vita, Bianca dos Santos.
Discotecagem Bianca dos Santos
22h
Compartilhamento de experiências. As inquietações que percorrem o fazer artístico das mulheres em Bauru nos dias de hoje.

DIA 19 
OFICINA “O palhaço e suas transformações”
Com a Cia da Bobagem – BauruSP
14h às 17h
Espaço Protótipo
Os artistas-palhaços da Cia da Bobagem propõem uma pedagogia voltada para a descoberta e aprofundamento do jogo do palhaço.
Destinada a crianças, adolescentes e adultos que buscam o desenvolvimento da comicidade através do diálogo entre técnicas tradicionais e contemporâneas, o curso “o palhaço e suas transformações” possibilita uma introdução e um desenvolvimento da arte clownesca.

BATE PAPO “Interlocuções ficcionais. A literatura no teatro e na produção documental”
Com Márcio Macena, Samuel de Assis, Fábio Valério e Andressa Francelino.
22h
Bodega
Como se configura a dramaturgia contemporânea e como ela se relaciona com as perspectivas transversais  e as múltiplas linguagens? Como propor um modo híbrido de criação através das proposições ficcionais e documentais? 

DIA 20
OFICINA Adaptando a literatura para o palco – O texto e o subtexto a favor da ação
Com Márcio Macena e Samuel de Assis
10h às 13h
Espaço Protótipo
1ª parte – Adaptando literatura para o palco:
Uma investigação sobre a transformação de textos literários em dramaturgia sem perder a essência proposta pelo autor e suas escolhas.
2ª parte – O texto e o subtexto a favor da ação:
Exercitar a compreensão do texto e suas pausas, usando o subtexto para ilustrar as várias  formas de interpretação de uma fala e seus derivados.

FRAGMENTOS AZEDOS SOBRE A LINGUA
Samuel de Assis – São PauloSP
20H
Teatro Municipal
Classificação 16 anos
Sabe aquele instante entre o momento que você quer dizer alguma coisa e o momento no qual você diz, de fato? O espetáculo Fragmentos Azedos Sobre a Língua provoca um embaralhamento entre sujeito e objeto, entre quem vê e aquilo que é visto, entre o singular e o plural, tendo como fios condutores dois contos do Caio F. (Sem Ana, blues e Os Sobreviventes). Constrói-se, a partir daí, uma teia de relações entre mundos, linguagens e pessoas – o autor, o ator, os diretores, o espectador, o texto, o cenário, as canções – que tem na dor/amor o seu ponto de intersecção.

TALVEZ ISSO NÃO SEJA TOTALMENTE PRECISO, MAS AQUI ESTÁ
Protótipo Tópico – BauruSP
22H
Classificação 14 anos
Espaço Protótipo
A morte brutal de uma menina de nove anos, Mara Lúcia , em 1970 na cidade de Bauru , é o disparador para uma sequência de cenas poético documentais que buscam tentar entender a brutalidade de ontem que persiste no hoje . As lembranças de uma amiga de Mara , fragmentos do texto memórias do subsolo de F. Dostoiévski , reportagens sobre o fato e o próprio assombro dos artistas envolvidos se misturam na construção em cena de uma memória fabricada.

SHOW – Pré lançamento do EP – Daniel Magalhães Trio
23H
Bodega
Classificação Livre
Sons Instrumentais autorais, jazz e brasilidades.
Com Lilo Oro – bateria, Daniel Magalhães – piano e Emílio dos Santos – guitarra 

DIA 21
A2
Cia da Bobagem – BauruSP
15h
Praça do Geisel
Classificação Livre
A2 é o encontro entre dois palhaços a partir da temática do amor e todas as suas possibilidades. Ele, Zuleico. Ela, Florisa. Curiosos, eles vão ampliar o ponto de vista dos encontros amorosos que, por vezes, se tornam loucos, inocentes e imprevisíveis. Eles se apresentam como figuras cômicas que interagem com o público, mostrando suas excentricidades e habilidades através do jogo em dupla, da improvisação, do momento presente, do ridículo, da música e de elementos espetaculares.

Lançamento do livro Arte e resistência em tempos de silêncio – Teatro amador paulista (1963-1975) de Ney Vilela
21h30
Bodega
A história do movimento federativo paulista de Teatro Amador é descrita e analisada, no período entre 1963 e 1975. No âmbito descritivo, a partir da ação da Comissão Estadual de Teatro (CET), acompanha-se a criação e desenvolvimento das federações de Teatro Amador e da Confederação de Teatro Amador do Estado de São Paulo (COTAESP), além das assembleias, congressos e festivais de Teatro Amador.

(com assessoria)

Redação 14 News

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